segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A influência de Star Wars


Alguns vídeos que mostram que mesmo tendo sido lançada 
long time ago...
Star Wars ainda influencia e diverte gerações.

1. Moosebutter e a canção "John Williams is the man"


2. Star Wars Weekend - Disney


3. O imperador em episódio de "Robot Chicken"


4. Comercial da Volkswagen


5. Uma Família da Pesada - Blue Harvest


6. Cena do filme "Space Balls"


Autoria: só se for autoria da compilação = O chinelo da minhoca
Vídeos incorporados do Youtube

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O amor no antigo Egito



            O faraó Akhenaton finalmente voltara de sua longa expedição de quatro anos pela Ásia. O povo foi devidamente orientado a recebê-lo nos portões do palácio. Os gritos forçados de “vida longa ao faraó” quase eram ofuscados pelos gritos de dor de vários súditos que se recusavam a saldá-lo e eram açoitados pelos militares. E o faraó sorria e acenava, crente que estava abafando.
            - Eu sou o cara – pensou.
            A sua amada esposa o aguardava na entrada do palácio. Kiya era jovem, mas já apresentava todas as características de uma legítima esposa de faraós: beleza estonteante e exótica, fascínio por ouro e pedras preciosas, vestimentas fashion, e uma vontade tremenda de dar uma porrada no marido vagabundo e mulherengo. Nessa altura dos acontecimentos, já havia quebrado a golpes de espada pelo menos trinta bustos do marido que estavam espalhados pelos templos de Tebas (naquela época já existia a tensão pré-menstrual). Sabia que ele não tinha viajado por motivos políticos, e sim para aprontar poucas e boas. Ela provavelmente não estaria tão nervosa se tivesse aproveitado a ausência do maridão para também se jogar na vida e curtir umas baladinhas com os escravos. E ela bem que queria fazer isso. Porém, por motivos que ela desconhecia, nenhum homem ousou tocá-la durante os quatro longos anos que se passaram. Nem sob ameaças de morte e desmembramentos. Sentia-se feia e mal-amada, e estava pronta para descontar sua frustração no faraó.
Akhenaton finalmente alcançou a entrada do palácio. Abraçou e beijou sua querida esposa, que quase o fulminava com seus olhos repletos de ódio. De mãos dadas, agradeceram as boas vindas dos súditos e ordenaram que os militares dispersassem a multidão para que eles pudessem descansar. Enquanto o chicote lambia o couro da turminha, os dois se retiraram para seus aposentos.
- Querida. Estou muito contente em vê-la. Sentiu saudades? – perguntou o faraó delicadamente.
- Não me chame de querida! – gritou a jovem rainha. – Pode ir explicando que negócio foi esse de sair de fininho no escuro da noite e demorar quatro anos pra voltar! 
- Lembra daquele meu amigo, o Juninho? Pois é. Ele me chamou pra dar uma passadinha na casa dele pra mostrar a sua nova tumba. Aí bebemos um pouco além da conta e acabamos reunindo a turma pra um jogo de senat. E conversa vai, conversa vem...
- O Juninho que mora na China? – gritou a mulher, enfurecida e já pegando uma adaga que estava escondida em seu vestido.
- Calma. Eu sei que eu demorei um pouco pra voltar, mas tudo pode ser explicado – disse o faraó, sentindo-se acuado.
- Explica então. Quero só ouvir a desculpa esfarrapada que vai dar dessa vez. O pneu da biga furou? Parou pra assistir ao Rally Dakar? Um maluco abriu o mar Vermelho? – bradou a esposa. 
- Resolvemos ir pescar no mar Morto – disse o faraó.
- Mas não existem peixes vivos no mar Morto – retrucou a mulher.
- E só agora você me diz isso? – gritou Akhenaton. – Foram três longos anos de espera e nenhuma beliscada!
E os dois governantes ficaram discutindo por algumas horas. Depois, deitaram-se juntos, pois a rainha havia enfrentado quatro anos de inverno, sem água e sem trigo, tendo sofrido as agruras da fome e da falta de grãos (na verdade, estamos falando é de sexo, e não de comida, mas o Egito também tem as suas metáforas).
- Oh, querido. Você não imagina a solidão que eu senti nesses últimos anos – choramingou a rainha.
- Eu posso imaginar – disse o faraó, lembrando-se da noite em que espalhou o boato de que sobre a rainha pairava uma maldição terrível lançada pelo deus Aton, que acometeria qualquer homem que ousasse profanar as virtudes daquela linda mulher. “As pernas perderão as forças, a coluna se partirá em dores horrendas e os órgãos genitais serão atacados por uma coceira fulminante, seguida de corrimento uretral esverdeado”.
O faraó era o único representante do deus Aton na terra, e a sua palavra era a lei. Todos o temiam e obedeciam de imediato. Todos, menos o seu empentelhado filho, Tutankamon, que insistia em desenhar nas paredes do palácio. Era um garoto impertinente e arruaceiro. E além de tudo era chantagista. Certa vez encontrou alguns hieróglifos pornográficos no banheiro do pai e ameaçou contar tudo para a mãe se não fosse levado para passear no rio Eufrates. E a mãe sofria nas mãos daquele pequeno malandro, que a importunava horas a fio, pedindo que ela lhe contasse histórias de ninar.
- Conta a história da esfinge – pedia o garoto, insistentemente, todas as noites. – E depois conta uma história de terror, com múmias e crocodilos.
- Quantas vezes vou ter que contar as mesmas histórias? – pensava a mãe, desolada e morrendo de sono.
- Cadê os meus gatos? Quero dormir com eles.
- O deus Aton te proibiu de dormir com os gatos.
- Por que eles são sagrados?
- Não. Porque você tem rinite.
- Canta uma música pra mim? – choramingava o moleque, fazendo beicinho.
- Tudo bem. “Dorme neném, que Anubis vem pegar...”
A chatice do garoto era tão grande que os pais não viam a hora dele crescer, se casar e sair do palácio. E então se lembraram que no Egito os casamentos arranjados eram comuns e nenhuma lei impedia que crianças se casassem. Correram então para encontrar uma esposa para o pequeno Tuti, como era chamado o menino. Após a realização de um rápido reality show, finalmente encontraram uma noiva. Seu nome era Ankhsenpaaton. Era uma adolescente de 14 anos, olhos verdes, que gostava de esportes, moda e sonhava em ser atriz. Infelizmente, Tuti não gostou muito da ideia.
- Ela é feia! – gritava.
E a pobre garota, escondida atrás das pilastras do salão, ouvia tudo com lágrimas nos olhos. Mas ela havia sido treinada para amar e respeitar o seu marido, por mais que ele a fizesse sofrer.
- Ela é baixinha! – continuava o pequeno príncipe.
 Ankhsenpaaton teve aulas de etiqueta e de obediência. Sabia todos os segredos para agradar o futuro faraó. Por mais que se sentisse ofendida, sabia que tudo se resolveria entre eles. Era tudo uma questão de tempo.
- Ela é velha! – berrava a criança.
E a futura rainha, por mais nervosa que estivesse, ainda se lembrava da regra número um: “o faraó tem sempre razão”.
- Ela é gorda! – insistia Tuti.
E a jovem noiva decidiu que aquela tinha sido o fim da picada, e jurava aos pés de Aton que só descansaria quando o maldito moleque estivesse morto, enfaixado e enterrado no deserto escaldante.

Autoria: O chinelo da minhoca
Desenho: internet

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

BURÓCRIA



            Burócria era o país mais burocrático do mundo. E a burocracia era tão grande que tornava tudo muito lento e difícil.
            Numa bela manhã, um criminoso que estava detido na penitenciária decidiu escapar. Ele preencheu um requerimento de fuga em três vias, pegou o carimbo de autorização, entrou na fila do despacho, despachou o requerimento e começou a cavar um túnel.
            Percebendo que o bandido estava tentando fugir, um dos guardas preencheu uma ficha de autorização em duas vias para poder apertar o botão do alarme. A ficha de autorização foi levada para a sala do subsecretário do diretor do presídio, que tirou uma fotocópia da ficha, carimbou com o carimbo “urgente” e a enviou para o secretário do diretor. O secretário recebeu a cópia da ficha, tirou outra cópia, carimbou com o carimbo “prioridade máxima” e a deixou sobre a mesa, pois o seu relógio deu o sinal de meio-dia. Ele saiu para almoçar.
            O prisioneiro já estava no meio do caminho para a liberdade. Outros presos queriam ajudar na escavação, mas a moça que trabalhava no guichê de autorização de fugas estava muito ocupada para atendê-los. Ela estava desenhando flores nas unhas com esmalte colorido.
            O secretário voltou do almoço e levou a cópia da ficha de autorização do alarme para a sala do diretor e a deixou sobre a mesa, pois o diretor estava no banheiro, enviando um fax para Boston.
          O criminoso terminou o seu túnel de fuga, preencheu um comprovante de conclusão de obras subterrâneas e saiu correndo em direção à cidade.
            O diretor do presídio saiu do banheiro, pegou a cópia da ficha, carimbou com o carimbo “deferido”, entregou para o secretário e voltou para o banheiro, pois ainda precisava despachar alguns toletes para o rio.
            O secretário enviou a ficha para o subsecretário, que despachou para o setor do alarme. O guarda recebeu a autorização, entregou um recibo para o subsecretário e apertou o botão do alarme.
            Os outros guardas do presídio, que estavam tomando um cafezinho, ouviram o alarme e se encaminharam lentamente (foram andando, pois no corredor havia um aviso de "proibido correr no corredor") para a sala de recados, onde estava afixado o memorando que explicava com detalhes a tentativa de fuga do prisioneiro. Então os guardas se dirigiram para o depósito de armas, protocolaram um aviso de retirada de material e pegaram suas espingardas. Vasculharam todos os arredores, mas o homem já estava longe quando o alarme tocou. O diretor do presídio foi obrigado a enviar um ofício para o chefe de polícia local, solicitando ajuda para a captura do fugitivo.
            O prisioneiro foragido teve uma ótima ideia. Entrou numa papelaria e roubou uma folha de cartolina branca e uma caneta. Escreveu em letras garrafais “CIRCULAR DE LEITURA OBRIGATÓRIA” e afixou a folha ao lado de um sinal de trânsito. Alguns minutos depois, um motorista parou seu carro no sinal e desceu para ler o que estava escrito na folha. O fugitivo aproveitou para entrar no carro e fugir.
            O chefe de polícia recebeu o ofício, carimbou com o carimbo “de acordo” e entregou a mensagem para o seu escrivão, que a enviou para o escrivão do delegado, que a entregou em mãos para o delegado. O delegado percebeu que era preciso agir com rapidez. Elaborou um memorando pedindo prioridade nas investigações e se reuniu com toda a força policial durante o cafezinho da tarde, exigindo que todos se empenhassem ao máximo para capturar o fugitivo.
            O fugitivo estava quase chegando à fronteira do país. Sabia que precisaria apresentar documentos, passaporte, carimbar o visto, fazer um requerimento para deixar o país, aguardar deferimento, confeccionar um novo cartão de vacinação, tomar uma vacina contra febre amarela, preencher uma guia de viagem, carimbar a guia, entre outras obrigações. Quando se lembrou que não estava carregando nenhum documento, resolveu desburocratizar geral e atravessou a fronteira com carro e tudo, quebrando as barreiras de proteção.
            A polícia recebeu um ofício que informava sobre a fuga internacional do prisioneiro. O ofício foi despachado para o escrivão do chefe de polícia. Após o intervalo da tarde, o escrivão enviou o ofício para o chefe de polícia, que agiu de imediato. Protocolou um pedido de ajuda internacional e prometeu entrar em contato com as forças policiais do país vizinho assim que terminasse o feriado prolongado. 

Autoria = O chinelo da minhoca
Ilustração = Tony (cartunista) - desenho retirado da internet

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

LEMBRANDO DAS FOTOS DO INÍCIO DA DÉCADA DE 1980



ESTILO DAS FOTOS = Se você revirar no fundo do armário, provavelmente vai achar fotos de 1982 (no fundo de alguma caixa de sapatos, talvez daquelas fotos quadradinhas, de uma época em que algum executivo achou que fotos quadradinhas com cantos arrendondados seriam um sucesso), sendo que todas tem as mesmas cores, meio amareladas de péssima qualidade, como se o tempo estivesse nublado o tempo todo, o mesmo formato, os mesmos figurantes com roupas estranhas, cabelos cafonas e óculos escuros marrom. Legal como os nossos pais tinham uma péssima noção de enquadramento ou então gostavam de tirar fotos enquanto bêbados (exemplo: foto do cotovelo da sua mãe na praia). O pior de tudo é que provavelmente algumas fotos são em preto e branco (é isso mesmo = você tá ficando velho, xará!), em plenos anos 80, sabe-se lá o porquê.
ESTILO DOS TIOS =
- estilo 1 = sem camisa, meio careca, com correntinha de santo no pescoço;
- estilo 2 = barbudo também sem camisa ou com camisa de botão aberta pra mostrar o peito cabeludo;
- Restante dos tios que aparecem no fundo das fotos = pelo menos dois dos tios usa um óculos escuro marrom e quadradão e uns outros três estão fazendo chifrinho na cabeça dos sobrinhos (naquela época o bullying de tio para sobrinho era muito comum e metade das brincadeiras sem graça que já fizemos com outras pessoas aprendemos na infância com nossos tios).
ESTILO DA TIAS =
- as mais novas = cabelo armado estilo Jane Fonda ou aquela mulher do filme “Mulher nota mil”.
- as mais velhas = idem.
- Se ao ar livre ou reuniões informais = vestido largo e com cores primaveris;
- Se formal, pelo menos 4 estão com uma camisa que exibe um belo par de ombreiras (estilo futebol americano).
ESTILO DAS CRIANÇAS = em primeiro lugar deve-se salientar o número exagerado de crianças nas fotos, porque os nossos pais tinham muitos irmãos e todos resolveram ter filhos na mesma época – é uma primaiada que não acaba mais (em algumas fotos tem tanta criança que as maiores estão com as menores no colo). Provavelmente vai ter um tanto de criança em volta de uma mesa com bolo de aniversário, uma garrafa de vidro de coca-cola e talvez até uma lata de sorvete da Kibom (lata mesmo, de metal!!! E era uma merda de abrir aquela lata!!!).
- Pelo menos uma criança com agasalho da adidas ou camisa xadreza estilo festa junina.
- Pelo menos duas com short muito curto (adidas provavelmente = lembra que nessa época quase todo índio que aparecia na Globo ou na revista Manchete usava shortinho da Adidas? E esse shortinho era bem no estilo da seleção brasileira de 1982 e com as cores mais comuns da época – vermelho ou azul escuro e, de vez em quando, verde pra combinar com a camisa da seleção).
- Pelo menos uma criança com camiseta regata com estampa de desenho animado (Thundercats).
 - As meninas ou estão com cabelo curtinho, parecendo menino, ou de Maria Chiquinha.
ESTILO DOS CARROS – quase tudo fusca ou chevete ou Passat ou Belina ou opala ou gol ou bicicleta sem marcha. Pick-up? D10! Daquelas que soltavam uma fumaça danada de diesel que intoxicava qualquer pessoa num raio de 2 quilômetros.
ESTILO DAS FOTOS DE FORMATURA DE JARDIM DA INFÂNCIA – provavelmente você estava sem um dente da frente ou com tersol ou com piolho ou com algum machucado ou pelo menos com um cabelinho daqueles mais malditos (que o cabeleireiro tinha que ter vergonha de cobrar 300 cruzeiros pra fazer). 


O Chinelo da minhoca
Foto = TV Pirata

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

KWA-KIN-DO




- Jaime!
- O que foi?
- Ela tá olhando para nós e sorrindo.
- Quem?
- A moreninha de saia azul e bolsinha branca.
- Aquela ao lado do gigante de calça bege, camisa clara e revólver cinza, que também ta olhando pra nós, mas sem o mesmo sorriso?
- Essa mesmo.
- Então pára de olhar senão ele mata a gente, seu maluco!
- Ele e mais quantos?
- Oswaldo, você não tá legal. A sua lente deve estar com mau contato. O sujeito tem quase dois metros de altura.
- Quem luta Kwa-kin-do não tem medo.
- Kwaqui o quê?
- A arte milenar desenvolvida na Índia pelo mestre Abu-Tawel.
- Não importa de onde isso veio. Se o cara te der um tiro você já era!
- Nada disso, meu amigo. Nós kwaquinducas somos treinados para desviar de balas, entortar o cano da arma e nocautear o agressor usando apenas um golpe de cotovelo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

POLIDEZ E RESPEITO



- Bondoso senhor, o senhor cometeu uma infração e precisa ser punido.
- Mas o que eu fiz?
- Está parado em local proibido.
- O quê?
- Local proibido.
- Mas eu não estou de carro.
- As regras são válidas para veículos e pessoas.
- Mas isso é inaceitável! Um absurdo completo!
- Não desconte em mim, distinto senhor. Não fui eu quem criou as regras.
- E o quê o senhor vai fazer? Vai me multar?
- De forma alguma, senhor. A punição prevista em lei é uma advertência verbal. O senhor parou em local proibido! Eu estou te advertendo verbalmente! E que isso não se repita!
- Acho que não entendi direito. O senhor acaba de me passar um sermão?
- Apenas cumprindo meu dever, senhor.
- Estou atônito. Os policiais deste país cumprem o dever de maneira muito peculiar, devo dizer.
- Não sou policial, senhor. Sou apenas um cidadão de bem. Se eu fosse um policial não teria sido tão condescendente com o senhor.
- Céus! O que um policial faria?
- Coisas terríveis. O senhor ficaria surpreso. A polícia daqui é muito severa quando se trata de cumprir a lei.
- Mas o senhor acha que eu teria uma punição muito pesada se um oficial tivesse me surpreendido parado em local proibido?
- Esta foi a primeira vez que o senhor cometeu este delito?
- Acredito que sim.
- Provavelmente teria apontado o dedo indicador para o senhor.
- Só isso?
- Claro que não. Ele também olharia para o senhor com o mais gelado olhar de reprimenda. O senhor iria se sentir mal por pelo menos uns quinze minutos. Isso lhe ensinaria a lição.
- Digamos que eu fosse reincidente neste tipo de infração.
- Tremo só de pensar...
- O que o policial faria?
- Se fosse um desses policiais truculentos, que gostam de abusar do poder de autoridade que lhes foi outorgado, ou se fosse um dos bonzinhos, que acham que todos merecem uma segunda chance?
- Os dois.
- O primeiro levantaria a voz para o senhor e poderia até lhe puxar a orelha com força moderada. O segundo apenas ameaçaria levantar a voz.
- E depois?
- Depois o quê?
- O que ele faria depois de ameaçar levantar a voz?
- Não faria nada.
- E eu deveria ter medo disso?
- Claro que sim. Quem não teria?
- Mas os policiais não deveriam se ocupar com criminosos de verdade, como assaltantes e homicidas?
- De acordo com a nova política do governo, devemos investir nossos esforços no cidadão comum, a partir de eventos simples do cotidiano, com o objetivo de moldar exemplos de boa conduta dentro da sociedade.
- O que quero dizer é que os policiais deveriam ter outras prioridades.
- Com licença, senhores.
- Pois não?
- Podemos ajudar?
- Vou precisar dos relógios e das carteiras. Caso contrário, serei forçado a atirar.
- Meu bom Deus! Estamos sendo assaltados?
- Era exatamente sobre isso que eu estava falando. Este sim é um criminoso que merece a atenção das forças policiais. Armado e perigoso.
- Devo concordar com o senhor. Ele realmente parece determinado a provocar delitos moralmente inaceitáveis.
- Parado aí, meliante. O senhor está preso.
- É a polícia! Parece que estamos com sorte, meu senhor.
- Faça a bondade de soltar a arma e pedir desculpas aos transeuntes.
- Sim, senhor. Os senhores façam a bondade de aceitar minhas mais sinceras desculpas.
- Diga que está arrependido.
- Estou muito arrependido.
- E me entregue o revólver.
- Não é um revólver. Era só o meu dedo por debaixo da camisa.
- Muito bem então. Vamos analisar a sua conduta. Você é reincidente?
- Eu devo admitir que certa feita constrangi uma senhora a me entregar sua bolsa.
- Nesse caso, terei que apertar seu braço...
- Ai!
- ...dar um puxão de orelha com força moderada...
- Aaaa!
- ...e jogar spray de pimenta em seus olhos.
- Vai fazer isso agora?
- Parece que esqueci meu spray. Mas acho que você já entendeu a mensagem.
- Com certeza. Sinto-me reabilitado.
- Ótimo. Pode seguir então. E quanto aos senhores, vou deixar o telefone do psicólogo da delegacia, em caso de algum trauma emocional causado pelo assalto.
- O assalto não foi nada diante da cena dantesca que acabamos de testemunhar. O senhor oficial acredita ter sido necessária tamanha violência?
- Os senhores me desculpem se os obriguei a assistir a aplicação de uma pena tão severa. Esta vida de policial nos expõe a elevados níveis de estresse, o que acaba por nos deixar um pouco selvagens.
- Desculpem a intromissão, mas estou pasmo com o que acabei de presenciar. O senhor simplesmente deixou que o bandido fosse embora. Que justiça é essa? Ele merecia algo mais efetivo, como ser algemado e pelo menos encaminhado à delegacia.
- O senhor não é daqui, não é mesmo?
- Como o senhor policial adivinhou?
- O senhor está parado em local proibido.
- E não é a primeira vez. Já o adverti há alguns instantes.
- Reincidente, não é mesmo? Acho que terei que elevar o tom da minha voz.

Autoria: O chinelo da minhoca
Imagem: programa Monty Phyton

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Coleção fábulas modernas - volume 2


A SAGA DE ZEA MAYS

Ele nasceu numa terra estranha, insólita. Cresceu sem nenhuma orientação. Ninguém que pudesse lhe dar carinho, atenção. Desde cedo aprendeu a ser forte, pois de nada adiantava chorar. Seu lar era um local apertado, quente, escuro. Ele simplesmente não conseguia ver nada. Às vezes escutava ruídos ao seu redor, e um dia compreendeu que não estava sozinho naquele lugar sombrio. Havia outros como ele. Muitos outros. Mas não podiam sequer falar uns com os outros. Ninguém sabia falar. Existência silenciosa...
Um dia, acordou assustado. O chão estava tremendo. Sentiu que algo estava errado. Ouviu um barulho distante, que aos poucos foi aumentando até se tornar ensurdecedor. Ten-tou se mover, mas não conseguiu. De repente, sentiu um forte impacto, como se sua casa tivesse sido arrancada do chão e atirada em um despenhadeiro. E o barulho continuava, e o chão não parava de tremer. Após longos 20 minutos, abruptamente, tudo ficou silencioso. Mas desta vez o silêncio trazia medo e insegurança. Súbito, ele sentiu que sua casa se movia novamente. Sentiu novo impacto, dessa vez um pouco mais forte, e acabou desmaiando...

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Coleção fábulas modernas - volume I




O chinelo da minhoca

Monique saiu lentamente da Jacuzzi. O sol estava quente, mas a brisa que soprava do norte tornava o clima deveras agradável. Vestiu seu roupão azul turquesa, colocou seus óculos Armani e calçou o chinelo direito com extrema delicadeza. Ao tentar calçar o esquerdo, sentiu que pisava em algo macio. Olhou para baixo.
Incrível como uma senhora de tamanha etiqueta, educada por lordes das melhores escolas francesas, se converteu de repente na mais tresloucada e escandalosa maluca. Como que tomada por um surto psicótico, correu e saltou pelo jardim como se fosse um avestruz fugindo de um guepardo.  Na verdade, mesmo se o avestruz tivesse uma perna torta e a outra recém-operada do ligamento cruzado anterior do joelho, ele não correria de modo tão estapafúrdio. E o responsável por tamanho escarcéu era um minúsculo ser, que observava o desespero da mulher com um olhar de triunfo. A pequena minhoca posava majestosa sobre o pé esquerdo do chinelo. Sua mente maquiavélica se enchia de júbilo. Seu ego se regozijava diante de tamanha conquista. Sentia orgulho por ter planejado e executado com precisão britânica a primeira parte do plano...
Os animais não conseguiam acreditar. Os gafanhotos ficaram estupefatos quando o cachorro lhes contou a notícia. Os coelhos desmaiaram ao ouvir da coruja sobre o ocorrido. Duas moscas tentaram obter informações de uma aranha e ela as comeu, após deixá-las estarrecidas com os acontecimentos. A cigarra parou de cantar. As formigas pararam de trabalhar. E o feito correu mundo, atravessou continentes e chegou aos ouvidos dos leões africanos.
– Eu não acredito! – gaguejou um deles.
– Ela realmente conseguiu! – disse o segundo.
– A cadeia de eventos teve início! – rugiu o líder do grupo – Preparem-se e aguardem o sinal!
Então, subitamente, o mundo mudou. Podia-se sentir no ar que algo estranho estava prestes a acontecer. Os animais estavam agitados. Arrulhos, berros, sussurros, gorjeios, uivos, grasnados, grunhidos, rugidos, latidos, miados, bramidos, relinchos, enfim, todo tipo de som podia ser percebido. As pessoas se sentiam observadas, vigiadas. Olhos coloridos acompanhavam todos os seus movimentos, e a relação de domínio já não era tão evidente como antes. As bestas aguardavam silenciosas e traiçoeiras pelo início do levante. Era chegada a hora da desforra. A hegemonia sobre o planeta mudaria mais uma vez de mãos. A primeira das eras havia sido vencida pela apocalíptica bola de fogo que cortou os céus e sepultou os répteis gigantes. Em seguida, grande parte do planeta foi enterrada sob grossas camadas de gelo. E agora todo o peso da responsabilidade pairava sobre os ombros de uma criatura sem ombros. A minhoca carregava o fardo de se tornar o arauto de uma nova realidade...
O pequeno anelídeo havia enrolado seu corpo na tira de borracha do chinelo e se esforçava para rastejar até o arbusto mais próximo. Ela sabia que seu feito seria lembrado por décadas, talvez séculos, milênios. Já imaginava a surpresa estampada no rosto de seus familiares. Aquele ato iria finalmente provar a todos o seu valor. Seria promovida a general, e cânticos gloriosos garantiriam a imortalidade de seu nome. Seria cultuada, idolatrada. Um exemplo a ser seguido.
Enquanto a minhoca se contorcia, palavras de ordem eram pronunciadas na penumbra. Dentes e garras eram cuidadosamente amolados para o embate. Estratégias impiedosas eram friamente arquitetadas e enviadas para os principais centros de comando. Um amanhecer sangrento era planejado nos mais ínfimos detalhes. Nada poderia impedir a avalanche que se aproximava.
Ela sabia que conseguiria. Precisava reunir todas as suas forças e rastejar mais alguns centímetros. Atrás do arbusto, uma escolta de formigas e vespas, fortemente armadas, esperava pela chegada da minhoca. Um plano havia sido elaborado para transportar o chinelo até o ponto de encontro, no coração da cordilheira dos Andes, onde os líderes das classes aguardavam ansiosos. E o grandioso sinal finalmente seria dado. E ele se espalharia pelos quatro cantos do mundo, como os ventos da mudança. Apenas cinco centímetros e o destino da humanidade sofreria o mais inesperado revés.
Súbito, Monique reapareceu no jardim. Desta vez, ela estava acompanhada por seu namorado, o valente Harold. A mulher apontou para o chinelo e soltou um gritinho histérico: – É um bicho horrível!
A minhoca relevou a ofensa. – Deixe estar! – pensou – Quando a nova ordem mundial tiver se instalado, você será a primeira a queimar!
O homem começou a se aproximar. A minhoca, percebendo o perigo, acelerou mais ainda o seu rastejar, colocando os seus vários pares de corações a todo o vapor. Faltava muito pouco. Ela estava quase conseguindo. Já podia até ouvir seu nome sendo saudado em sua cerimônia de condecoração. Conseguiu ver as formigas por entre a folhagem. Um grupo de baratas pensou em sair do arbusto e ajudá-la, mas a imagem de um chinelo se aproximando era assustadora demais até para a mais corajosa delas. Todos os grupos que poderiam ter feito a diferença hesitaram. E o pior aconteceu. Harold esticou sua enorme mão e interceptou o chinelo. E a valorosa minhoca era agora refém do inimigo. O reino animal havia sido batido novamente...
O que ocorreu após sua captura foi brutal até para os olhos das mais sanguinárias feras. Sem qualquer possibilidade de defesa ou julgamento justo, a heroína foi condenada ao mais cruel dos castigos. Sua audácia seria punida de maneira exemplar, para desestimular maquinações futuras. A minhoca foi covardemente mutilada em vários pedaços e empalada por pequenas lanças curvadas e pontiagudas, para em seguida ser atirada aos peixes de um enorme lago.
A noite que se seguiu seria lembrada como a mais melancólica de todos os tempos. A escuridão era silenciosa e triste. Uivos e lamentos ecoavam soturnos pela madrugada. Alguns diriam mais tarde que talvez aquele não teria sido o momento certo. Outros chegariam a argumentar que uma centopéia seria o agente mais indicado para o serviço. Mas no final todos se lembrariam daquela corajosa minhoca, que por alguns instantes encheu os ares com o doce perfume da revolução. 

Autoria: O chinelo da minhoca
Autoria do desenho: O chinelo da minhoca


Nota do autor: 
- Historinha da minhoca: repleta de magia, animais falantes, suspense, reviravoltas e mortes macabras, ou seja, um conto de fadas ideal para ler para as crianças...

Nota do autor II:
- Não achou adequada para crianças? Então vai me dizer que um lobo devorando uma vovó, um garoto cortando a mão de um pirata, bruxas sendo queimadas no forno, animais sendo covardemente assassinados (ainda acordo à noite ouvindo o tiro que matou a mãe do Bambi), entre outras barbáries, é adequado para os seus filhos? É hora de rever os seus conceitos...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A liga extraordinária do trauma - a seleção

Como os médicos mais importantes não quiseram participar do projeto, foi aberto um breve processo seletivo para preencher as vagas em aberto da Liga Extraordinária...


Quem serão os médicos selecionados?
Será que eles conseguirão cumprir as metas da Liga?
Será que o Ronaldinho Gaúcho vai emplacar no Atlético?
As respostas a essas e outras perguntas talvez estejam no próximo capítulo. Não percam!

Autoria: O chinelo da minhoca
Autoria do desenho: O chinelo da minhoca (esse minino tá desenhando que é uma beleza...)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

NARRADOR NO BURACO


- Boa noite, amigos telespectadores. Aqui quem vos fala é o sempre incansável Jonas Barra, o seu amigo das madrugadas. Estaremos juntos nas próximas 3 horas, desfrutando de um dos mais importantes campeonatos de buraco da costa leste de Pernambuco. Se você já está cansado de assistir às reprises do canal de cinema e não aguenta mais ficar espiando aqueles idiotas que estão presos dentro daquela casa, aumente o som e fique conosco durante a transmissão de mais um clássico do carteado internacional. E antes do início, a palavra dos patrocinadores. É com você, Drummond.
- Esse torneio é patrocinado por Mineradoras Jacob, “quem mais entende de buraco”, Metrô de São Paulo, “o melhor transporte do buraco”, e Clínica de Proctologia do Morumbi, “sempre cuidando do seu buraco”.
- A criatividade não tem fim. E agora um minuto de silêncio em homenagem aos jogadores de buraco que morreram no final de semana.
- Acidente de carro?
- Buraco na pista.
- Muito triste.
- Que Deus os tenha. E o juiz chama o capitão de cada uma das duplas para decidir quem embaralha e quem vai separar o morto. Alguma previsão para hoje, Drummond?
- As duplas estão muito entrosadas. Acho que hoje teremos uma partida equilibrada e honesta. Espero que não tenhamos os mesmos contratempos que tivemos no ano passado, quando as péssimas condições da mesa prejudicaram o bom andamento da disputa e...
- E começa a contenda. Dodô compra do monte. Escondeu a carta, mas parecia de copas. Descarta um sete de ouros. Chico pega o sete, olha para ele, olha para o lado, para o sete novamente, larga o sete no lixo e compra do monte. Comprou um coringuinha! Que beleza! Que jogada de sorte. A torcida vibra. Vamos ouvir o grito nas arquibancadas.
- Ô Jonas, babaca! Ô Jonas, babaca!
- Que maravilha. Descartou um valete. Benício vai pegar. Pegou. E agora? E agora? O quê será que ele vai fazer? Olha lá. Pega também o sete do lixo e vai descartar o cinco de paus. Não! O oito de espadas? O cinco, o oito, o cinco, descaaaaartaaaaa o quatro de copas na última hora, pegando todo mundo despreparado. E o seu comentário, Drummond?
- Realmente esse tipo de emoção só é sentida em um jogo dinâmico como o buraco, que reúne todas as características de um esporte verdadeiramente instigante. É por essas e outras grandes jogadas que o International Kumite For Olimpic Imbecil Everybody Games está entrando com uma representação junto ao comitê olímpico internacional para que o buraco substitua o handebol nas próximas olimpíadas. Absolutamente desafiador e metódico. Podemos afirmar com toda certeza que este jogo molda os líderes do amanhã e lapida o caráter dos justos, trazendo a harmonia para tudo que...
- E Ricardo ignora o quatro e mete a mão no monte. Rapidamente descarta o três de ouros. Dodô pega o quatro, segue para Chico que pega o três e deixa um nove e segue para Benício que dá uma olhadinha para Dodô e dá uma piscadinha com o olho direito. Dodô devolve a piscadinha e solta um beijinho disfarçado. Benício balança a cabeça dando a entender que não era esse o sinal que ele queria passar e Dodô dá duas piscadas com o olho direito e uma com o olho esquerdo. Benício entendeu o recado e pegou o nove. Drummond, cadê você?
- A linguagem da piscadinha já é antiga no esporte e acabou com vários casamentos. Em 1929, na cidade de Chicago, Peter “olhos de mel” Jones arriscou dar uma piscadinha durante um campeonato regional. Seu parceiro era o notório gângster Al Capone, que pegou seu furador de gelo de prata e...

sábado, 24 de março de 2012

Quem salvará a pele da dermatologia?

Triste realidade atual no Brasil: os dermatologistas "de verdade" estão se tornando minoria. Na verdade acho que até poderia afirmar que os especialistas "de verdade" estão se tornando (ou irão se tornar) minoria em várias especialidades, e não só na dermatologia. Apenas para situar o leitor = quando eu digo "de verdade", entre aspas, estou me referindo ao médico que tem título de especialista registrado no conselho de medicina, o que o habilita a bater no peito e urrar sua especialidade por aí sem correr riscos de levar um pito dos conselhos regionais de medicina. Vale lembrar que não fui eu que criei essa “verdade” (que fique claro para os pitizentos e seus departamentos jurídicos que esse é o entendimento do Conselho Federal de Medicina, desde que este afirma que apenas o médico com especialidade registrada pode se afirmar especialista), e nem estou querendo dizer que todos os outros seriam “de mentira” (apesar de acreditar que grande parte está brincando de andar na montanha russa das especialidades médicas).
Tudo esclarecido, continuemos então falando da dermatologia, que me parece ser o principal alvo da triste realidade citada anteriormente. Atualmente existem os "de verdade" e os "não reconhecidos como especialistas por não possuírem título ou por não ter regularizado sua situação perante o seu conselho regional e que, dessa forma, estão agindo em desacordo ao código de ética médica quando se afirmam ou se fazem entender como sendo especialistas em dermatologia" (legal esse negócio de colocar aspas - minha assessoria jurídica me ensinou). Sei que corro o risco de ofender pessoas do segundo grupo, então deixo a opção de substituírem, se isso lhes apetece, a expressão "de verdade" pela expressão "dermatologista", e a segunda definição entre aspas pode ser substituída por "não-dermatologista segundo o conselho de medicina" ou "estou tentando me tornar dermatologista, mas ainda não o sou" ou “sou dermatologista mas estou sem tempo para registrar o meu título” ou qualquer outra variação que signifique qualquer coisa menos dermatologista, pois assim regem as normas éticas do nosso conselho. 
Deixando de lado as delongas juridicamente necessárias quando se escreve um manifesto em que existe grande risco de se pisar em calos, retorno então ao tema principal. Quando a Chapeuzinho resolve encurtar o caminho até a casa da vovó, pegando atalhos pela floresta, ela corre o risco de ser abordada pelos lobos maus, que irão provavelmente tomar o seu dinheiro e guloseimas, deixando a pobre criança com sua cesta vazia, sem nada a oferecer que satisfaça a fome da pobre vovozinha (traduzindo para quem não entende muito de fábulas, moral da história ou metáforas: o médico que quer encurtar o caminho para o título de especialista, seguindo por caminhos não tradicionais, obscuros, repletos de falsas promessas, corre o enorme risco de gastar dinheiro para aprender de uma forma abaixo da ideal, e quando chegar ao consultório não terá muito o que oferecer ao paciente que o procura ansioso por um tratamento satisfatório). Existe um caminho na medicina que leva à um nível de conhecimento inquestionável, que é o aprendizado supervisionado em regime de dedicação exclusiva. Quando a supervisão e/ou a dedicação são insuficientes, o médico pode ter sua formação comprometida, dificultando a sua aprovação em provas de título de especialista ou o preparando de forma inadequada para o mercado de trabalho. Por isso o conselho foi categórico ao declarar em seus pilares éticos que o especialista deve ter sua condição comprovada pelo registro do título, coisa que não é todo mundo que consegue alcançar. Mas isso não é empecilho em um país fraco em termos de fiscalização como o Brasil. Aqui quem tem dinheiro consegue o que quer de um jeito ou de outro. Os médicos que não chegam a se tornar especialistas, mas que agem como tal, ignorando os preceitos éticos da classe, estão se multiplicando e se infiltrando em todos os níveis da nossa sociedade, acobertados pela já tradicional impunidade que mancha nossa desacreditada justiça.  E afirmar que se é especialista sem de fato o ser está se tornando tão comum que já existem entidades paralelas que se declaram como sendo "sociedades (ou academias) que possuem suas sedes no mesmo quarteirão onde funciona uma padaria que vende uma revista que veicula um anúncio de um curso pré-vestibular direcionado para alunos que querem ingressar em uma faculdade reconhecida por um certo ministério (que nem vou falar qual é porque tenho medo de ficar com cáries só de expor minha boca a um nome de reputação atual tão desgastada)" ou, para encurtar, "sociedades reconhecidas pelo beque". Percebam que a palavra "beque" está apenas funcionando como alegoria fonética, já que foi explicado anteriormente que não citaria o nome do tal ministério que reconhece ou autoriza a abertura de qualquer boteco que lhe ofereça desconto no chopp. 
Porém, voltemos ao discurso principal, já que estou inclinado a me perder em devaneios e estratégias de desvio de balas perdidas. Como dizia anteriormente a situação está complicada, pois estão surgindo profissionais de formação altamente duvidosa, com riscos para a sociedade que dorme despreocupada. A inocente sociedade não percebe o risco que corre e nem que este risco tende a crescer exponencialmente em um futuro próximo. E, além dos profissionais espertões, tem mais gente achando tudo isso ótimo: as indústrias farmacêuticas já perceberam que só tem a ganhar patrocinando profissionais que se encaixam no que eu chamo de "dark side" da medicina, que seria o segmento médico que se preocupa em alcançar altos patamares de respaldo e remuneração no menor tempo possível e independente do custo financeiro ou ético que isso possa acarretar, se esgueirando pelas brechas do sistema e exigindo os mesmos direitos sem ter que cumprir os mesmos deveres. Laboratórios que se diziam dedicados à dermatologia agora se dedicam a qualquer coisa que comece com derma ou med e termine com logia ou estética, etc. Algumas empresas investem pesado em certos grupos de médicos interessados em dermatologia, pois eles são uma presa fácil, por não possuírem conhecimento suficiente para avaliar de forma crítica o que lhes é anunciado (ex: qualquer creminho de gosma de caracol passa a ter local de destaque no arsenal lamacêutico dessa turminha que acredita em creme pra celulite, disco voador e cursinhos de final de semana), aceitam mais facilmente os acordos de "parceria" remunerada (até porque o exemplar do código de ética médica desse povo deve estar escrito em polonês e servindo de calço para o pé da mesa) e provavelmente já contam com mais membros que a única sociedade de dermatologia que é filiada à Associação Médica Brasileira. A dermatologia está deixando de ser especialidade e está virando assunto, cursinho, hobby, comércio, clubinho, até mesmo subespecialidade de quem não é especialista em nada. Nosso futuro como pacientes acometidos por perebas, birrugas e outras ziquiziras infelizmente parece incerto, pois os dermatologistas devidamente registrados crescem em ritmo muito mais lento que os sem registro, além do fato que os profissionais éticos se tornam ofuscados pelos que reivindicam publicamente em todos os meios de comunicação a autoria de seus milagres (contrariando o código de ética que condena as atitudes de autopromoção sensacionalistas)  e que sofrem apenas uma vez ou outra alguma punição que mais parece tapinha na mão e dormir sem sobremesa. Isso sem nem citar o fato de que algumas categorias profissionais fora da medicina resolveram se aproveitar da demora da aprovação da Lei do Ato Médico para praticarem atos que até pouco tempo atrás eram realizados apenas por médicos (é uma terceira categoria, que irei classificar de forma não oficial como "não reconhecidos como especialistas em dermatologia, pois deveriam estar presos por prática ilegal da medicina pra começo de conversa" ou como "camarada que consegue ser mais cara de pau que o Pinóquio quando acha que é só colocar a palavra "estética" no final do nome do curso para se habilitar a fazer o que lhe der na telha e que só não dou uma na cara dele porque abomino a violência e tenho alergia a óleo de peroba"). É muito triste mesmo, e não só para a dermatologia, talvez a maior vítima depois do paciente, mas para toda a medicina. Parece que em algum momento do passado a figura do especialista confiável sofreu uma ruptura múltipla de órgãos, do tipo que nem dá pra estancar o sangramento, e agora a observamos no CTI, com o abdome cheio de compressas, fazendo apenas o controle de danos e rezando para que ela não evolua para o óbito. Me desculpem a revolta. Tenho acompanhado de perto as dificuldades das sociedades sérias de especialistas e até estou vendo com gosto que muito tem sido feito para proteger a medicina em geral, mas principalmente a dermatologia. O problema é que também vejo muita coisa errada surgindo em ritmos frenéticos, o que me dá a impressão que para cada boa notícia surgem logo três ou quatro ruins. Atualmente as boas sociedades estão dependendo tanto dos departamentos jurídicos para tentar corrigir o que está errado, que tenho receio que uma hora eles percebam a grande brecha na nossa legislação e criem a advocacia estética, o conselho de estética do senado, o código de estética médica ou qualquer outra variação de estética utilizada como sufixo e/ou pretexto para mais um golpe de picareta no peito da medicina que um dia jurou frases rebuscadas sob a sombra de Hipócrates. Encerro meu desabafo pedindo desculpas aos colegas de bem que podem ter se assustado com minhas previsões apocalípticas no melhor estilo "2012". Também peço desculpas aos colegas que se sentirão ofendidos a ponto de querer sair da floresta e seguir novamente pela estrada (lembram da metáfora da Chapeuzinho?). Aos colegas que habitam as profundezas do "dark side", apenas desejo que esse texto possa ser uma luz para os pacientes que ainda dormem despreocupados. 
* Em tempo = esse texto não foi autorizado pelo "beque", mas não pelo seu conteúdo, e sim pela falta de dinheiro do autor. 

Autoria = O chinelo da minhoca

quinta-feira, 15 de março de 2012

COISAS ENGRAÇADAS NA NET - 2



1. MSS: Movimento dos Sem Sinal
Fontes = harem.spaceblog.com.br e aliancamusic.wordpress.com 


2. A depressão não escolhe hora e nem lugar para acometer as pobres almas amarguradas...
Fonte = os100mentes.blogspot.com


3. A propaganda é a alma do negócio! (mesmo sendo mentira)
Fonte = caption-of-the-day.com 


Seleção = O chinelo da minhoca

sexta-feira, 9 de março de 2012

Código de verificação e outras mazelas



Hoje eu fiquei p... da vida com essa m... de verificador que aparece quando estamos enviando um e-mail ou compartilhando alguma coisa (por exemplo, no próprio facebook), que estão ficando cada vez mais difíceis de ler e que nos fazem perder o maior tempo. Dizem que é pra evitar spam, vírus, ataques terroristas, ursos e o diabo a quatro. Simplesmente não consigo ler alguns desses códigos (será que estou virando um vírus?).

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A liga extraordinária do trauma - origens da liga

O conceito:

A liga extraordinária do trauma foi idealizada para formar
 uma equipe médica composta pelos melhores médicos de cada 
especialidade envolvida com atendimentos de urgência.

Inicialmente, ela teria como integrantes...





* A Sociedade Brasileira de Ortopedia não colaborou 
com a produção dessa piadinha.

* Alguns ortopedistas entraram em contato com a nossa redação através de cartas, 
mas infelizmente não entendemos nada do conteúdo das mesmas devido às 
várias manchas de graxa, pedaços de gesso, além da péssima caligrafia. 

* Parece que fomos desafiados a repetir essa piadinha durante o próximo MMA, digo, próximo Congresso da Sociedade de Ortopedia. 


Autoria: O chinelo da minhoca

domingo, 12 de fevereiro de 2012

NOVELA DA VIDA REAL


Sandrinha armou a mão, pegou impulso e desferiu um violento tapa contra o rosto de Elisângela.
Elisângela rodopiou no mesmo lugar, soltou um gritinho discreto e devolveu o tapa na mesma intensidade, mesma direção e em sentido oposto, seguindo à risca a terceira lei de Newton.
O tapa devolvido não atingiu Sandrinha em cheio. Pegou meio mascado, fazendo mais “tum” do que “paf”, o que para alguns especialistas seria definido não como um tapa, mas como um pescoção. Sandrinha ficou possessa, pois nunca na vida tinha levado pescoção, ou pescocinho, ou pescotapa, ou qualquer variedade de ato violento com nome de goela.
Engraçado como os homens não costumam separar briga de mulher. Alguns até chegam a fazer um cordão humano para delimitar melhor a área do combate, de forma que as combatentes não saiam e os separadores de briga não entrem.
A única pessoa que queria separar as duas era Fábio, o noivo de Sandrinha. Aliás, ele era o motivo da discórdia, pois deveria estar na igreja naquele momento para se casar com Sandrinha. Não apareceu porque tinha fugido com Elisângela.
Mas pobre quando foge é dureza... Tem que passar na casa de todo mundo que conhece pra falar que vai fugir, pegar umas marmitas pra levar de matula na fuga, tem que chorar e falar que vai morrer de saudades e um monte de formalidades menos importantes. O casamento havia sido sabotado há pouco mais de duas horas e eles ainda nem tinham saído da vizinhança de Elisângela.
E o pior aconteceu (e sempre acontece): Sandrinha recebeu uma ligação anônima de uma amiga de Elisângela (que morria de ódio de ver a amiga feliz) e, tendo em mãos o endereço exato da localização dos foragidos, partiu pra fazer justiça. Mas na hora de sentar a mão no cafajeste do Fábio, destinatário do tapa em questão, ele se abaixou, deixando Elisângela na reta. A polícia poderia até colocar Elisângela na lista das vítimas de tapa-perdido, mas a verdade é que Sandrinha deu até um impulso a mais quando viu que ia acertar a sirigaita ao invés do cafajeste. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

CALMA, CALMA


Quando o despertador tocar, acorde devagar, com calma, sem estresse. Não jogue o aparelho na parede. O barulho dele é chato, mas você tem que se controlar. Isso. Levante-se e tome uma ducha bem morninha e relaxante. A água está gelada? Não! Não faça isso! De que adianta arrancar a cortininha do box? Tudo tem uma explicação lógica. Olhe se a chave do chuveiro está no desligado. Não está? Então deve estar queimado. Fazer o quê? Depois você compra um novo. Calma. Aposto que você está nervoso porque se lembrou que não tem dinheiro para comprar um novo. É difícil aceitar isso, eu sei. Mas deixa pra lá. Vista-se e vá para o trabalho. Vai tomar café primeiro? Mas o café acabou, não se lembra? E também o leite e o queijo. AH! Sabe aquele iogurte de ameixa que você comprou na promoção ontem? Venceu antes de ontem. Engraçado, né? Algumas pessoas dariam risada ao perceber esse tipo de... Ei! Ei! Esse pão está mofado. Não se atreva a comer isso. Não se atrev... Tudo bem. O estômago é seu. E vai logo vestir uma cueca, que eu não agüento mais ver essa hérnia balançando aí embaixo. Se você ainda tivesse aquele plano de saúde poderia operar essa coisa. Foi uma pena ter perdido o direito ao plano quando foi despedido daquela empresa. Mas agora esquece isso e veste logo a cueca. Espera aí. Essa não. Você estava com ela ontem. Veste uma nova. Ou então uma limpa... Ótimo! Resolveu me ignorar, né? Vestiu a cueca fedorenta. Tá bom. Termina logo de se arrumar. E não fique nervoso com o cinto. Ele não tem culpa de você ter engordado tanto. Lembre-se de contar até dez. Já contou? Conta devagar. Conta até 30, então. Que coisa! E não esquece de pentear o cabelo. Ali atrás tá arrepiado. Não, mais atrás. Joga um pouco de água. Ainda tá arrepiado. Passa gel. Mais um pouco. Caramba! Coloca um boné! Só por uns dois minutos, pro cabelo abaixar. Vamos embora antes que se atrase.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MUDANÇAS


O tempo é impiedoso. Passa para todos e traz consigo os ventos da mudança, seja esta para melhor ou pior. E como as coisas mudam. Mudam de foco, de perspectiva, de interpretação. Quando eu era pequeno, chegava ao sítio dos meus pais e qualquer novidade me trazia espanto, alegria. Era uma festa para nós, crianças, chegar ao sítio e descobrir um pequeno cacho de uvas, ainda verdes e azedas, na singela parreira que brotou sobre o estacionamento de bambus. Eram tempos alegres e inocentes. Sem as responsabilidades e preocupações que os adultos enfrentam. Incrível como perdemos a sensibilidade ao longo dos anos. Hoje em dia, só ficaria impressionado se encontrasse um orangotango albino dependurado naquela parreira. Lembro que ficávamos horas em frente ao laguinho, desperdiçando minhocas, goiabas, ração de galinha e outros tipos inusitados de isca. Os mosquitos nos atacando sem piedade, o sol torrando as nossas peles e apenas algumas piabinhas se atreviam a mordiscar o anzol. Atualmente, se houvesse tempo livre na minha tumultuada agenda, e se eu tivesse interesse em pescarias, adotaria técnicas mais efetivas, como dinamite, cartuchos calibre 12 ou simplesmente iria ao jardim japonês munido de miolo de pão e um tijolo para acertar na cabeça das carpas assim que viessem à tona. Que perda de tempo. E pensar que ficávamos na varanda até tarde e por várias vezes ficamos ali parados, fitando o céu, procurando discos voadores. As estrelas eram tão bonitas... Será que ainda estão lá? Tanto tempo sem olhar para o céu. Procurando discos voadores, pois sim. Até parece aquela música do Caetano, que fala sobre seu exílio. Nunca entendi se ele estava vendo quatro discos voadores ou se estava procurando discos voadores. O idioma inglês sempre foi muito complicado para mim. Ele fala “looking for” ou “looking four”? Não sei. Talvez ninguém saiba. Hoje ninguém sabe e nem quer saber de nada. O mundo perdeu sua magia. Uma amiga da minha mãe fazia um truque idiota quando eu era criança. Aquele de fingir que tirou o próprio dedo. Na época eu achava o máximo. Hoje tenho raiva dela. Fazer-me de bobo daquele jeito. Deveria se envergonhar. Os adultos são uns cretinos. Contam histórias fantásticas para as crianças e não acreditam em nada que elas inventam. Quando meu pai me disse que o Coelho da Páscoa viria naquela noite, eu acreditei. Quando eu disse que foi ele que fez xixi na minha cama, ninguém acreditou. E ainda riram de mim. E usaram aquela filmadora velha do meu tio para gravar a minha versão da história. Até hoje eles exibem o filme nas noites de natal... E o natal é outra palhaçada! Na época era até divertido. Íamos dormir e quando acordávamos havia presentes na sala. E todos sabiam que o Papai Noel esteve ali. E nossos pais ficavam ali rindo e contando histórias do bom velhinho. Hoje em dia o natal não me traz o mesmo encantamento de outrora. Muito pelo contrário. A idéia de alguém invadir a minha casa na calada da noite é tão sombria que comecei a dormir com um taco de beisebol debaixo do travesseiro. Imaginem se eu vou buscar um copo d’água e esbarro com um estranho na minha sala carregando uma caixa? Papai Noel ou ladrão, vai tomar uma cacetada que não vai esquecer tão cedo.

Autoria: O chinelo da minhoca

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Brasil que não aprende.

Outro dia, assistindo à tevê, vi um programa que mostrava vários marmanjos sendo massacrados por crianças. Não. Não era um filme de terror. Também não era o jornal das oito. Era um programa que mostrava o quanto as crianças da quinta série sabiam mais que os adultos. E isso me deixou pensativo. Lembrei de já ter sido uma criança da quinta série. Eu realmente era muito esperto naquela época. Sabia tudo. Realmente tudo. Mas se esse conhecimento todo tinha realmente alguma utilidade, por que não me lembro de nada? Por que aqueles adultos não se lembram, já que também foram alunos da quinta série algum dia? O conhecimento adquirido na minha quinta série e nas séries subseqüentes foi muito importante para que eu passasse no vestibular, mas não ajudou muito depois disso. Agora que passou o desafio do vestibular, o que eu faço com as quelíceras e os pedipalpos dos aracnídeos? Com a auxina, a giberelina e a citocinina? Será que as zônulas de adesão, oclusão e os desmossomos poderão me ajudar algum dia? O que faço agora com os estudos de obras literárias que li e decorei para os exames? Será que o meu cabeleireiro vai puxar assunto sobre isso? Talvez o taxista me pergunte se eu gostei daquela frase do Guimarães Rosa ao invés de falar sobre o tempo. Como será que o número de Avogrado e a lei de Hess me farão entender a política do nosso país? Na certa, o Ancylostoma duodenale tem uma resposta para tudo isso. Ou será que devo perguntar para o Trypanosoma cruzi, ou para o seu vetor, o Triatoma infestans? Estariam as respostas nos movimentos orogenéticos, nos diastrofismos, nos intemperismos? A solução da violência e da miséria dependeriam do estudo detalhado do movimento ludita? Do Golpe do Termidor? Com quantas guerras de Canudos se faz uma Revolução Farroupilha? E na hora de pagar meu imposto de renda? Vou fazer uma equação de segundo grau? Descobrir a hipotenusa? O brasileiro só sabe multiplicar problemas e dividir dívidas. Os bandidos e políticos corruptos (que são praticamente sinônimos) subtraem as riquezas do país. Existe alguma soma? Claro. Pode pegar a calculadora e somar o imposto de renda com o IPVA e o IPTU. O resultado é uma vergonha. E a capital do Afeganistão? Alguém sabe? O adulto não quer saber da capital. Está é preocupado com o próprio capital. E como vamos cuidar de nossas finanças? Aprendendo na marra ou pagando alguém para nos orientar. Não aprendemos isso na escola. E deveríamos aprender. Deveríamos ter aulas de direito do consumidor, direitos humanos, desenvolvimento sustentável, culinária, política, economia, justiça. A escola deveria nos preparar para o vestibular e para a vida. A criança aprende com muita facilidade. E nós enchemos a cabecinha delas com cultura que será esquecida ou pouco utilizada. Que tal se ensinássemos melhor sobre sexo? Hoje em dia a criança vai aprender de qualquer jeito, pois o sexo está em toda a parte, seja na novela, nas ruas ou na internet. A escola poderia pelo menos ensinar de uma maneira mais construtiva do que ensinam as músicas de funk. Vamos ensiná-las a identificarem pessoas suspeitas, pedófilos, ladrões, para que possam se defender delas. Ao invés de melhorar o ensino, o que o governo faz? Muda as regras do português. Os ignorantes é que foram beneficiados, pois se antes escreviam errado por não saber, agora escrevem certo por continuar não sabendo. Vamos melhorar o ensino nas faculdades? Não. Vamos criar o sistema de cotas. Vamos melhorar o ensino na rede pública? Não. Vamos dar um colete à prova de balas para os professores e seja o que Deus quiser. 

Autoria: O chinelo da minhoca