sexta-feira, 29 de março de 2013

Campanhas educativas


1. Cuidados básicos evitam aborrecimentos futuros!!!


2. Cinto de segurança salva vidas (essa é séria e muito legal!)


3. Se beber, evite praticar nado borboleta na enxurrada!


O chinelo da minhoca
Vídeos retirados do Youtube

terça-feira, 26 de março de 2013

Moral da história


Quem estava vivo nos anos 80 e assistia aos desenhos animados da televisão com certeza se lembra daquelas lições de moral que apareciam no final de algumas animações. Agora vamos imaginar que existisse uma lei que obrigasse que todos os programas de televisão tivessem uma discussão moralista no final. Como seria?


Final do programa da Luciana Quigemez (com participação do Geninho, que estava escondido no decote da apresentadora): 
"Oi, pessoal. Hoje no programa nós aprendemos que a burrice pode ser engraçada, mas não deixa de ser um triste retrato da cultura do nosso país, onde qualquer par de seios siliconados distrai a atenção dos homens e qualquer barraco atrai a atenção das mulheres. Não abandonem a escola. Analfabetos podem ser presidentes e mulheres burras podem comandar programas de auditório, mas as estatísticas comprovam que esses casos são excepcionais. A pessoa com boa educação e formação acadêmica tem mais chances de sucesso. Tchau."



Final da novela (vale para qualquer novela, em qualquer canal, em qualquer horário):
"Olá! No episódio de hoje nós aprendemos que qualquer pessoa pode ser roteirista de novela, pois as histórias das novelas são sempre as mesmas, mudando apenas o sotaque, a época e o nome da vilã que será completamente trucidada pela mocinha. É importante lembrar que brigas, discussões e barracos em geral não são legais como parecem ser nas novelas, ou seja, não tente fazer o mesmo na sua casa. E lembre-se: trabalhe para ter dinheiro e poder instalar tevê a cabo na sua casa (só não me venha assinar tevê a cabo com mais de 200 canais e continuar vendo só o da novela!!!)."


Final do Big Bosta Brasil: 
"Oi. Não sei porque me colocaram aqui, mas hoje nós aprendemos que mostrar a bunda dá dinheiro, que mostrar os peitos dá dinheiro, que mostrar a bunda e os peitos ao mesmo tempo dá muito mais dinheiro, mas lembre-se de fazer isso apenas quando você estiver na televisão, pois se fizer isso na laje você pode ir pra cadeia ou sair no iutube. Hoje também aprendemos que o Bial é o único ser, além do Guiodai, que tem o poder de enfurecer os monstros." 
      - Os administradores pedem desculpas por essa referência bizarra do Guiodai (dos Changeman, você lembra? Então dá um curti!). Acontece que pedimos pro McGyver fazer um discurso moralista pro final do Big Bosta e isso foi o que ele conseguiu fazer de improviso usando apenas um lápis e um canivete suiço. 


Final do Domingão do Falastrão: 
"Olá, amiguinhos. Que cara chato, não é mesmo? Hoje nós aprendemos que não é educado ficar toda hora interrompendo as pessoas que estão falando. Pena que o apresentador não aprendeu... Tente ler um livro de vez em quando, principalmente no domingo. Assistir à televisão neste dia é pior que enfrentar o esqueleto. Vocês devem estar se perguntando porque eu estou aqui como Adam, não é mesmo? Acontece que o He-man passa uma imagem de pessoa muito bronzeada, e hoje sabemos que o bronzeamento, principalmente o artificial, pode provocar câncer de pele."


Comentário moralista no final dessa postagem do Chinelo da Minhoca: 
"Como é? Não entendeu porque eu usei a crase no "assistir à televisão"? Nos anos 80 quem assistia assistia à alguma coisa. Você assistia ao programa da Xuxa. Transitivo indireto, baby! Hoje em dia, com todo o incentivo que a educação e a saúde estão recebendo, você fala que assiste o BBB enquanto nos hospitais faltam médicos para assistir os pacientes (mais dicas de verbos transitivos e intransitivos na programação cultural, amanhã, às 3:15 da madrugada, naquele canal que nunca sintoniza direito)."


Autoria: O chinelo da minhoca
Desenhos e fotos = internet (She-ra, Thundercats, McGyver, He-man)

segunda-feira, 4 de março de 2013

O HERÓI E O REINO DE FENÍCIA



Após várias semanas de cavalgada, o herói finalmente encontrou o isolado reino de Fenícia. Era um reino muito distante e pouco conhecido. As histórias diziam que muitos heróis desapareceram ao buscar aventuras naquela região. Foram e nunca voltaram. O mistério do sumiço dos heróis servia apenas para atrair mais heróis, curiosos e sedentos por batalhas e atos de bravura.
            - Bom dia, cavaleiro – disse um homem de armadura que guardava o portão de entrada do reino.
            - Dia – respondeu o herói.
            - Quer entrar no reino? – perguntou o guarda.
            - Quero – respondeu novamente o herói.
            - Então aguarde um instante – disse o homem, dando as costas para o cavaleiro e entrando em um pequeno quarto ao lado do portão.
            O cavaleiro ficou aguardando o retorno do homem. O guarda voltou carregando uma prancheta e alguns papéis.
            - Deixe-me ver – falou o homem. – Qual o seu nome?
            - Sir Roderick, “o Bravo” – respondeu o cavaleiro.
            O homem fez algumas anotações na prancheta.
            - Planeja ficar muito tempo no reino? – continuou o guarda.
            - Não sei dizer ao certo – disse o herói. – O tempo que for preciso para esclarecer alguns fatos.
- Qual o motivo principal da sua viagem. Turismo ou trabalho?
- Pode colocar trabalho – disse o cavaleiro, já um pouco impaciente. – Essas perguntas são mesmo necessárias? Estou com um pouco de pressa.
            - Está trazendo algum animal silvestre ou planta? – persistiu o guarda, ignorando a pergunta do cavaleiro.
            - Estou trazendo apenas o meu cavalo, minha espada e minha vontade de partir ao meio uma pessoa que está começando a me irritar! – esbravejou o herói.
            - O senhor está me ameaçando? – questionou o guarda.
            - Talvez. Por quê? Algum problema? Vai encarar? – provocou o herói, já colocando a mão sobre a bainha da espada.
            - O senhor acaba de ganhar dez pontos – disse o homem, entregando uma moeda de ouro para o cavaleiro. – Pode entrar no reino agora.
            O herói não entendeu nada, mas nem quis perguntar. Estava cansado de tanta conversa e ansioso para entrar no reino. Enquanto aguardava a abertura dos portões, deu uma mordida na moeda para confirmar o seu valor. Os portões foram abertos e o cavaleiro finalmente entrou. Andou pouco mais que cinco metros e foi abordado por um grupo de soldados fortemente armados com arcos, flechas, espadas e tacapes de aço.
            - Quantos pontos o senhor ganhou? – perguntou o líder do grupo.
            - Dez – respondeu o herói, mostrando a moeda de ouro que agora estava com pequenas marcas produzidas pela dentada.
            - Prendam-no – o líder ordenou aos seus subordinados.
            O cavaleiro saltou do seu cavalo, desembainhou a espada e lutou ferozmente contra os soldados. Mas eles eram muitos. O herói foi rendido, amarrado e levado até o xerife.
            - Quem é este homem? – perguntou o xerife.
            - É um cavaleiro que acabou de chegar, senhor – respondeu o líder dos soldados.
- Ele ganhou quantos pontos no portão? – perguntou o xerife.
            - Dez pontos. 
            - Mordeu a moeda?
            - Com força.
            - E ele resistiu à prisão? – continuou o xerife.
            - Sim.
            O xerife se aproximou do destemido cavaleiro e o examinou com os olhos por alguns instantes.
            - Deixe-me esclarecer algumas coisas para o senhor – começou a dizer o xerife. – O reino de Fenícia é um lugar muito próspero. Todas as pessoas daqui são felizes, honestas e ricas. E toda esta harmonia só é possível porque nós fiscalizamos com muito rigor as pessoas que visitam o nosso reino. Assim, impedimos a entrada de certos elementos indesejáveis.
- Isso é uma afronta! – exclamou o valente cavaleiro. – Estão duvidando da minha integridade?
- Ainda estamos investigando. Mas até agora as coisas não estão nada boas para o senhor. Deixe-me revisar os fatos. Nosso porteiro é encarregado de fazer uma série de oitenta perguntas a todos os visitantes. A resposta das perguntas não importa. Apenas queremos saber se o visitante possui a virtude da paciência, qualidade muito apreciada em nosso reino. Quando alguém não tem paciência para responder a todas as perguntas, o porteiro entrega uma moeda de ouro ao visitante e lhe atribui uma pontuação de zero a dez, na escala de impaciência. Se receber nota dez, o visitante deverá ser guiado pelos guardas até o nosso centro de visitantes, onde será submetido a um questionário ainda maior. Isso lhe ensinará a ter mais paciência no futuro.
- Mas ninguém me guiou para lugar algum – defendeu-se o herói. – Seus guardas me atacaram sem motivo.
- Ainda não terminei a minha explanação – continuou o xerife. – Aqui em Fenícia nós admiramos as pessoas que não são gananciosas ou desconfiadas. E o senhor aceitou uma moeda de ouro sem ao menos questionar o motivo de ter recebido tão valioso presente. Isso demonstra que é uma pessoa gananciosa. E ainda mordeu a moeda para ver se era de ouro puro mesmo. Ou seja, também demonstrou ser uma pessoa desconfiada. Nossos guardas são orientados a prender de imediato as pessoas que são impacientes, gananciosas e desconfiadas. E os nossos presos são imediatamente matriculados nas melhores escolas de reabilitação, onde participarão de várias palestras e serão instruídos e orientados pelos melhores professores do reino.
- Ridículo! – protestou sir Roderick. – Suas conclusões sobre a personalidade das pessoas são muito superficiais e precipitadas. E eu me recuso a voltar para a escola.
- Mas o senhor não irá para a escola. Aqui em Fenícia nós repudiamos as ações violentas. E o senhor reagiu à prisão com violência.
- Apenas me defendi. Qual é o problema?
- Nossos cientistas acreditam que as pessoas impacientes, gananciosas, desconfiadas e violentas são as mais perigosas para o nosso reino, pois podem ser ladrões. E todos os ladrões devem ser trancafiados na masmorra. 
- Não sou ladrão! – berrou o cavaleiro. – Sou um herói!
- Oh! – exclamaram os soldados.
- Nesse caso, só resta uma coisa a fazer...
            O cavaleiro não sabia, mas no reino de Fenícia a palavra herói significava assassino. E os assassinos não poderiam ser trancafiados nas masmorras. O pobre cavaleiro foi atirado no fosso das feras, onde jaziam os restos mortais de todos os outros heróis. Vários soldados ficaram de prontidão ao lado do fosso, para a eventualidade do herói matar as feras e escapar. Em Fenícia, os homens que matam feras são mais perigosos que os assassinos, e devem ser queimados na fogueira.  

Autoria = O chinelo da minhoca
Foto = cena do filme "Monty Python and the Holy Grail"