sexta-feira, 26 de julho de 2013

Campeão da Copa Libertadores 2013


Nós somos do Clube Atlético Mineiro
Nosso time tem mais de cem anos, mas seu coração bate forte. E o sangue alvinegro que corre em suas artérias é o mesmo que flui em turbilhão no peito do atleticano, que já dispensou o check-up anual do cardiologista. Alguém que sobrevive a três decisões definidas na marca do pênalti em um único campeonato não precisa de tratamento. Precisa é ser preso e estudado, pois dele pode ser extraída alguma vacina contra o infarto.
Jogamos com muita raça e amor
Jogamos com câimbras, com tornozelos torcidos, canelas inchadas, dedos quebrados, ombros luxados, testas cortadas, músculos distendidos, diarreia, infecções de pele, caspa e frieira. Jogamos por amor a uma vestimenta imortal, que carrega o começo da palavra CAMpeão, ou o final da frase “yes, we CAM” (e que Obama não se ofenda com o nosso neologismo). Jogamos por amor incondicional, e não por simpatia.
Vibramos com alegria nas vitórias
Alegria que parecia não ter sido feita para nós. Alegria que nem sabíamos se seríamos capazes de expressar, já que só a conhecíamos na teoria, em sonhos, simulações, projeções, apostas, brincadeiras, piadas, fotos em preto e branco, ou simplesmente na lembrança nostálgica de quem viveu a glória dos anos de mil novecentos e sorvete Kibom na lata de alumínio. Alegria que irrompeu na madrugada, após o som de uma bola batida no travessão. 
Clube Atlético Mineiro. Galo forte vingador
Um clube sofrido. Um clube que diversas vezes teve os sonhos usurpados pelo azar, pela incompetência, ou pela simples e dura roubalheira descarada. Um clube que desta vez se recusou a sair do Horto para morrer na praia. Um clube alcunhado de “cavalo paraguaio” por morsas paulistas, mas que se recusou a perder o derby do Mineirão, mostrando que de paraguaio este time já não tem mais nada.  Mais forte que o Strongest. Com mais poder de fogo que qualquer Arsenal. Mais iluminado que qualquer santo. Assim foi o início da caminhada. E a cada passo, o passado era esquecido. A tristeza ia desaparecendo. Injustiças, azar, juízes com inclinações cleptomaníacas? Pois é chegada a hora da desforra. Bem aventurados os que seguraram o grito por tantos anos, pois o ano de dois mil e galo chegou. O calendário maia acabou em 2012, e o do galo começou em 2013, trazendo consigo o espírito vingador a muito adormecido.
Vencer, vencer, vencer. Este é o nosso ideal
Vencendo tudo e todos. Desta vez vencendo os adversários, os árbitros, os comentaristas, os invejosos, os recalcados, as estatísticas, as tradições e a desconfiança. Uma primeira fase mágica, repleta de exibições ilusionísticas do nosso bruxo, que olha para um lado, chuta para o outro, salta para a comemoração e reverencia a torcida enlouquecida (tudo isso sem derramar uma gota de rum). O mesmo bruxo que se aproveitou da senilidade daquele goleiro, utilizando a água do santo para abençoar o primeiro gol do artilheiro da competição. E no ritmo deste mago nós ensinamos futebol na nossa casa e na casa dos adversários. Vencemos cinco jogos e perdemos um treino. A melhor campanha foi nossa.
Honramos o nome de Minas no cenário esportivo mundial
Voltamos a bicar com força, com raça, honrando nosso estado, nosso nome sendo repetido por vários idiomas diferentes. Nossos jogadores sendo disputados no tapa por clubes estrangeiros. A seleção brasileira também não resistiu e se encantou com o nosso zagueiro capitão, nosso bambino com alegria nas pernas e nosso artilheiro miojo, que só precisava de três minutos para matar a fome de gol dos torcedores. Até o Papa abençoou nosso manto sagrado, proferindo a frase “In nomine Patris et fillii et Spiritus Sancti", que em latim significa “Vai pra cima deles, Galo!”
Lutar, lutar, lutar pelos gramados do mundo pra vencer
Seja no Brasil, na Argentina, no Paraguai, na Bolívia ou no México (país norte-americano situado no centro das Américas e filiado à Confederação Sulamericana de Futebol). Pode ser até em gramado sintético. Pode ser no nosso gramado ou no do vizinho. O importante é vencer. E passamos a disputar as fases seguintes. Passado o treino, partimos para o próximo jogo de verdade e bradamos: “Aqui é galo! É galo! É galo!”
Clube Atlético Mineiro. Uma vez até morrer
E quase morremos. Na fase seguinte nosso coração foi testado quando apitaram um pênalti no último lance do jogo e o atacante adversário decidiu canonizar nosso goleiro, que emendou uma canhota no azar e virou herói, santo, mito. Radialistas perderam a voz. Invejosos perderam a piada. O torcedor perdeu a vergonha de acreditar no inacreditável. Novamente o inimigo pisou no Horto e caiu morto.
Nós somos campeões do gelo
Então por que não ser campeões da América? Com a mística mortífera do nosso campo insistindo em se repetir durante tantas batalhas, ousamos em confiar nela mais uma vez, e nos demos ao luxo de dar dois gols de vantagem para os velhos garotos portenhos.
O nosso time é imortal
Mas naquele momento, iluminado pela penumbra daqueles holofotes defeituosos, parecia o mais mortal dos mortais. Agonizava e morria em meio às lágrimas de seus fiéis seguidores. E foi no acender das luzes que, tal qual a fênix, ressurgiu das cinzas. Gol chorado no finalzinho, saindo dos pés de um jogador criticado por muitos, mas que sonhava com a oportunidade de se redimir. Nosso santo mais uma vez foi mais forte. E escolheu o canto certo novamente. Estamos na final. Eu acreditei no sucesso.
Nós somos Campeões dos Campeões. Somos o orgulho do esporte nacional
O país conta conosco, seu único representante. E embarcamos para o estrangeiro, confiantes em construir um bom resultado que nos desse uma vantagem tranquila para o jogo da volta. Doce ilusão. Vitória e tranquilidade são duas palavras tão próximas no dicionário e tão distantes na história do Galo... Mais uma vez demos dois gols de vantagem. O que fazer agora?
Lutar, Lutar, Lutar. Com toda nossa raça pra vencer
Exatamente. Não nos restava mais nada. Agora era ganhar ou morrer tentando. Mesmo que no gramado do vizinho. Eu acredito. Mesmo que em desvantagem de dois gols. O sofrimento parece nos fortalecer. O momento parece propício. O problema é que o preço do ingresso é um absurdo e quinta-feira acordo cedo pra trabalhar... Mas quer saber? Paguei pra ver. Literalmente. Mais pobres em dinheiro e mais ricos em confiança, cercamos a lagoa. E a cada chopp a vitória parecia mais certa. O pequeno fragmento de sabonete de sal grosso, higienizador de chacras fredmelianos, seria suficiente para lavar a alma amargurada do atleticano? Os versos de Drummond estariam presentes para nos inspirar? Parecia que não, pelo menos até o início do segundo tempo. Nuvens de tempestade se formaram no céu e olharam feio para uma camisa preta e branca pendurada no varal. Porém, ao perceber milhares de atleticanos naquelas arquibancadas, e outros milhões pelo Brasil e pelo mundo, o vento se acovardou e foi soprar no varal alheio, onde a camisa também era preta e branca, mas com torcida bem menos volumosa. E foi a rajada de vento que fez o adversário furar e permitir o primeiro gol. E também foi ela que tirou o equilíbrio do atacante que driblou todos, mas não driblou aquele tufo de grama solto. E o vento amigo finalizou a contenda soprando uma bola que foi morrer de mansinho quase no pé da trave, mas dentro do gol. E agora, com trinta minutos restando e um jogador sobrando, eu acreditei que seria fácil para o time da virada. Sonhei com dois gols na prorrogação e a torcida gritando “olé”, “está chegando a hora” e o tão esperado “é campeão”, tudo isso antes do juiz apitar o final da partida. Mas, como já disse antes, vitória e tranquilidade para o Galo? Ao mesmo tempo? Jamais. Por mais que nós não acreditássemos, a pendenga foi para os pênaltis. Eu não acredito! – pensei. Mais uma sessão de angina coletiva. Secadores ligados em 220 volts. Nosso treinador já não tinha mais unhas para roer. E ainda assim acreditamos. Nosso santo decidiu fazer o milagre na primeira cobrança, só para variar um pouco. E nossos batedores acertaram um atrás do outro, até que o outro time decidiu acabar de uma vez com todo aquele nosso sofrimento. Bola no travessão. Conquistamos a América! E o palco ficou pequeno para tanta festa. Bica, bicudo! E felizes, cantamos pela noite o hino que já foi considerado o mais belo de todos os hinos do futebol...
“Clube Atlético Mineiro. Uma vez até morrer”


O chinelo da minhoca
Foto: internet



quinta-feira, 11 de julho de 2013

KEEP CALM AND...

Esqueceu o sabre de luz na Millenium Falcon?



Esqueceu de tomar a boca de fumo?



               Esqueceu onde colocou sua bola quadrada?




 Perdeu o show do Paul?




 Cansado de trabalhar?




 Fez algo errado?




 O posto de saúde está lotado? O banco está lotado? O restaurante está lotado?





O chinelo da minhoca
Pôsteres Keep Calm = internet

terça-feira, 2 de julho de 2013

Em se discursando, tudo dá...



Vocês querem políticos melhores?

Vamos fazer um referendo para ver se fazemos um plebiscito para ver se realmente queremos melhorar a política.

Vocês querem educação?

Nós vamos estar fazendo um referendo para estar vendo se podemos estar fazendo um plebiscito para estar mudando as regras do português para a gente podermos estar melhorando a educação.


Vocês querem saúde?

Vamos importar todos os médicos que existem em Cuba e exportar os nossos para a China e, depois que eu tiver feito meu check-up no Albert Einstein, vamos fazer um referendo para ver se fazemos um plebiscito para ver se realmente queremos melhorar a saúde.

Vocês querem segurança?

Vamos importar os seguranças da Madonna e depois fazer um referendo para ver se fazemos um plebiscito para ver se realmente queremos melhorar a segurança.

Vocês querem mudanças no código penal?

Vamos entrar com um pedido na primeira instância e esperar o mérito ser julgado no Supremo, para depois fazer um referendo para ver se fazemos um plebiscito para ver se realmente queremos melhorar o código penal

Vocês querem que os corruptos do mensalão sejam presos?


Olha, acho que é chegada a hora do Brasil manter o foco. Vamos nos concentrar nos referendos e plebiscitos e depois nos preocupamos com essas outras coisinhas de menor impacto sócio-político-econômico.





O chinelo da minhoca
Fotos: internet

O Brasil nas ruas













Fotos retiradas da internet