Dinheiro na cueca



Eu não consigo entender a relação de algumas pessoas com o dinheiro. Tudo bem. É bom ter dinheiro. É muito bom poder usar o dinheiro para comprar coisas úteis e às vezes até as coisas inúteis. Já ouvi falar de pessoas que usaram notas de 50 reais para acender um cigarro. Algumas pessoas enchem o colchão de dinheiro e se regozijam dormindo sobre ele (ou será regojizam? Bem, digamos que eles consideram essa paradinha de dormir no dinheiro uma coisa super sexy). Mas espera aí. Colocar maços de dinheiro na cueca? Não se enganem pensando que se trata de uma maneira pouco criativa de se esconder a bufunfa. Trata-se sim de uma nova modalidade de perversão sexual: a dinheirofilia. O meliante se aproveita da natureza pura e inocente daquelas pobres notas e as introduz no antro de sua pecaminosa luxúria, transformando-as em dinheiro da pior espécie. Os telejornais repetiram insistentemente as cenas que mostram na íntegra a conduta criminosa de meliantes que, em plena luz do dia, praticavam atos prevaricantes e lascivos com aqueles pobres maços de dinheiro. Um dinheiro que estava a caminho de algum hospital infantil ou escola e foi impiedosamente desviado. Os bandidos não se contentavam em enfiar apenas uma ou duas notas nas suas roupas íntimas. Colocavam maços inteiros, um após o outro, entochados na virilha direita, na esquerda, no entrebundas (vulgo rego, cofrinho ou sulco intergluteo), no sobrecu, escondidos sob a moita pentelhal e Deus sabe onde mais. E se não couber tudo na cueca e orifícios naturais, o próximo refúgio são as meias chulezentas e mal lavadas, pois os odores fétidos parecem exercer um efeito afrodisíaco sobre a mente doentia desses depravados filhos da mãe. A expressão "dinheiro sujo" nunca foi tão atual. E o pior é que amanhã esse dinheiro será lavado e repassado para o próximo pervertido que impetrará nova investida sacana, molestando ao mesmo tempo o dinheiro e o povo brasileiro.

Autoria: O Chinelo da Minhoca