quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Parodiando Veríssimo

* Esse texto foi feito inspirado no texto "Pais e Filhos", de Luiz Fernando Veríssimo.

Vampiros

- Filho, onde está você?
- Pai? O quê faz aqui?
- Vim ver como você está. Interessante seu castelo. Pequeno, mas interessante. Onde estão seus vassalos? Preciso que peguem meus pertences na carruagem.
- Não tenho vassalos. E isso aqui é um apartamento.
- Não tem vassalos? E quem são esses garotos?
- Ah, desculpe. São os meus colegas de república. Estes são Martin e Ivan. E esse é o meu pai, o Conde.
- Os escravos tem nomes peculiares nessa região. Peguem minha bagagem.
- Amigos, podem ir na frente. Eu encontro vocês na faculdade. Pai, eles não são escravos. São estudantes como eu.
- Claro. Já entendi. Você os atraiu para cá. Já mordeu algum deles? Aquele gordinho parece ser bem suculento.
- Não. Eu não atraí ninguém. Eles moram aqui. Nós estamos dividindo este apartamento.
- Mas com todo aquele dinheiro que lhe mandei... As coisas devem ser muito caras aqui na Bulgária. Lá na Romênia você estaria vivendo sozinho, como um rei.
- Pai, eu não usei o dinheiro como você mandou. Eu gastei com outras coisas. Por isso não sobrou muito e tive que dividir os gastos com alguns amigos.
- Quer dizer que você não é dono de nenhum castelo nas montanhas?
- Não.
- Não subornou criminosos para que eles assumissem as suas carnificinas?
- Não cometi nenhuma. Desculpe-me, mas eu preferi investir na minha educação, ao invés de gastar com essas extravagâncias. Ingressei em uma faculdade de medicina. Estou quase me formando.
- Mas o que foi que deu em você? Suas cartas diziam que você estava aterrorizando os vilarejos, atacando os camponeses, tornando a noite um lugar sombrio e incerto. Todas aquelas palavras bonitas eram mentiras?